A Feira da Sulanca é um dos maiores fenômenos comerciais e culturais do Nordeste, atraindo milhares de pessoas de diversos estados para Caruaru. Neste artigo, vamos explorar sua origem, funcionamento, impacto econômico e curiosidades que fazem da Sulanca um símbolo do comércio atacadista popular.

Origem e história da feira da sulanca

A tradição da Sulanca está profundamente ligada ao comércio popular do Agreste pernambucano. O nome “sulanca” tem relação com tecidos tipo *helanca*, retalhos e peças baratas comercializadas entre feirantes. Segundo relatos históricos, no final da década de 1940, já se notava em Santa Cruz do Capibaribe a circulação de comerciantes que compravam retalhos e peças de tecido para revender — esse movimento foi um dos núcleos iniciais da Sulanca. Com o passar dos anos, esse comércio informal ganhou força e migrou para Caruaru, integrando-se à ampla feira de rua da cidade.

Feira de Caruaru e a integração com a Sulanca

A Feira de Caruaru é uma feira tradicional de rua que remonta ao século XVIII, iniciada como ponto de encontro para vaqueiros, tropeiros e pequenos comerciantes. Com o tempo, ampliou-se para incluir produtos agrícolas, artesanato e manufaturados. A Sulanca surge como segmento especializado dentro desse ecossistema: focada em tecidos, vestuário e comércio em atacado popular. Em 2006, a Feira de Caruaru, com sua variedade e importância cultural, foi tombada como Patrimônio Imaterial pelo IPHAN.

Localização, dias e horário de funcionamento

A Feira da Sulanca acontece no **Parque 18 de Maio**, no bairro de Nossa Senhora das Dores, Caruaru. Tradicionalmente, a montagem começa durante a madrugada e as vendas ocorrem nas primeiras horas do dia. Em algumas épocas do ano, ela ocorre **aos domingos e segundas-feiras** — especialmente em períodos de alta demanda (final de ano). Em outros momentos, pode ser mais frequente ou em dias fixos (por exemplo, às segundas).

Dimensão e impacto econômico

A Sulanca movimenta cifras expressivas. Em algumas semanas, estima-se que a feira gere dezenas de milhões de reais em transações. Um registro afirma que, em um fim de semana especial de alta estação, cerca de **70 mil visitantes** circularam pela feira, aquecendo o comércio local. Esse volume atrai compradores de várias regiões — não apenas Pernambuco, mas também estados vizinhos — que buscam renovar estoques e aproveitar preços competitivos.

Cultura, relevância social e desafios

A Sulanca é mais que um evento comercial — é parte da identidade do Agreste. Reúne feirantes, artesãos, transportadores, hospedarias e visitantes, fortalecendo redes locais de economia e cultura. Um projeto bastante debatido é o “Nova Sulanca”, que propõe transferir a feira para margens da BR-104, gerando polémica entre quem defende a permanência no Parque 18 de Maio. Os desafios incluem logística, segurança, infraestrutura, limpeza e controle de multidões. Manter equilíbrio entre preservar a tradição e modernizar é uma tarefa contínua.

Como visitar e o que esperar

Melhores horários: logo cedo, entre 4 h e 10 h, quando as barracas já estão montadas e há fartura de opções. Transporte: Caruaru é bem servido de rodovias; muitos visitantes usam ônibus interestaduais ou viagens rodoviárias para participar. Dicas úteis:

  • Levar dinheiro (algumas barracas aceitam cartão, mas para negociar costuma ser melhor em espécie).
  • Calçados confortáveis — preparar-se para caminhar bastante entre barracas.
  • Verificar calendário oficial (mês de novembro, dezembro a feira tende a ter dias extras).
  • Negociar quantidades e descontos — muitos feirantes estão abertos à pechincha.
  • Ir com veículo que permita carga ou combinar transporte de retorno — muitos volumes são comprados em atacado.

Curiosidades sobre a feira da sulanca

• A palavra “sulanca” sugere união entre *su* (do tecido helança) e *lanca* (lançar peças).
• Muitos compradores de fora dormem em Caruaru para chegar cedo.
• A feira inspirou músicas e narrativas populares que exaltam a vitalidade do comércio local.
• Caruaru já atrai projetos de urbanização e discutiu-se mudar a localização da feira, mas com forte resistência local.

Dica: visite a Sulanca com lista de produtos e margens desejadas. Comece com pequenas compras para testar fornecedores e depois amplie.

A feira da sulanca continua sendo um dos alicerces do comércio têxtil no Nordeste, onde tradição e inovação se encontram.